Aos fãs da série que assim como eu, estão ansiosos para a próxima temporada, esse texto é o ideal. Às pessoas que ainda não assistiram, fiquem tranquilas, aqui não tem nenhum spoiler. Na verdade trata-se do contrário: a perspectiva que trarei nos parágrafos seguintes só tende a te deixar mais curioso para ver essa admirável produção espanhola.
Para tal, entraremos no universo dos estudos da imagem, e quando falamos disso não significa estar falando apenas da imagem estática e sim de todas as linguagens que envolvem a construção visual. A consciência semiótica nos faz compreender o estudo dessas linguagens. Pela análise peirceana e fenomenologia, conseguimos organizar em categorias o que corresponde aos três elementos formais de uma experiência imagética. Posteriormente é o que Pierce, pai da semiótica moderna, batiza como primeiridade, secundidade terceiridade.
Logo, essa ideia trata-se basicamente de compreender a imagem a partir de três direcionamentos, são eles: a impressão inicial/ feeling que sentimos no momento presente sobre alguma composição. Depois, temos o relacionamento direto com determinado objeto e qual seu significado universal, e então na terceira questão, o que ele significa pra mim. Esta última é uma inter-relação entre o que sentimos, visualizamos e identificamos dentro de nossas leis, valores e cultura.
A série da Netflix, La Casa de Papel, ganhou uma proporção tamanha principalmente em função dos símbolos utilizados. Em uma análise desse entendimento, a primeira realidade comporta a trama: oito ladrões em vulnerabilidade social roubando a casa da moeda. Os personagens: um professor, uma mãe, um mineiro, uma inspetora policial, um hacker, etc. O cenário em cores terciárias e os símbolos como ícones.
Signo é tudo que existe e significa algo para a gente, como uma representação. Dito isso, a segunda realidade na análise da série é um indício da existência dos signos: a empatia e relação com os sentimentos dos personagens (medo, paixão, fragilidade, mesquinhez, emoção), a música “Bella Ciao” que é tratada como o hino da série, o macacão vermelho (representando nervosismo, paixão, bandeira e tourada espanhola) e a máscara de Dalí (pintor surrealista nascido na Espanha).
Na terceira realidade podemos identificar que a proposta da trama é mostrar resistência a muitos problemas atuais, como crise econômica, desigualdade social, machismo, tortura e tendência a criminalidade. Para isso, utiliza-se da simbologia das roupas vermelhas como revolução e estado de alerta num cenário com cores estratégicas onde isso se destaca. Também, a música “Bella Ciao” representa uma trajetória de força e liberdade na trágica Itália de Mussolini, assim como o trabalho de Salvador Dalí, que sai do padrão e é considerado rebelde. E o pacto simbólico de La Casa de Papel tem um caráter universal, é uma luta contra o sistema que move protestos por direitos sociais em todo o globo. Recomendo!
Luana Martins
Nossa, algumas dessas coisas eu até tinha percebido, mas não tão profundamente... Ótima análise 🥰👏
ResponderExcluirAh obrigada Vic!!
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