O ano era 1988, quase 1989 na verdade, em uma noite de chuva leve e mar agitado no Rio de Janeiro, um grave acidente envolveu o barco Bateau Mouche IV, que acabou se tornando uma trágica história carioca. Faltando 10 minutos para meia-noite, o barco começou a afundar na Baía de Guanabara, e 55 pessoas a bordo não tiveram chance de sobreviver, uma delas era Yara Amaral, atriz da Globo.
O barco saiu da Praia de Botafogo por volta das 22h50, em direção à Praia de Copacabana para assistir à queima de fogos do réveillon, mas quando a embarcação se aproximava da Ilha de Cotunduba, às 23h50, o inesperado aconteceu, Bateau começou a se inclinar até virar com o casco para cima. Alguns passageiros que estavam na área externa acabaram se jogando ao mar, mas os que se encontravam no interior do barco ficaram presos, então por volta de 00h10 o barco afunda completamente.
Segundo testemunhas, o barco parecia ser muito pequeno para as 150 pessoas que estavam a bordo. "Imaginava que o barco fosse maior e mais glamouroso. Um transatlântico ou algo do tipo. Quando vi o Bateau Mouche, achei pequenininho. Para piorar, havia muita gente a bordo, começara a chuviscar e o barco balançava muito", contou o artista plástico Georges Bom de Almeida, que tinha o convite para embarcar, mas como ficou desconfiado, decidiu seguir a pé para Copacabana.
Laudos da Marinha e da Polícia Civil mostraram várias irregularidades no Bateau Mouche, como furos no casco, escotilhas abertas, coletes salva-vidas fora do prazo de validade, além da superlotação de passageiros. Quando este barco foi construído, a lotação máxima dele era de 20 pessoas, mas os vistoriadores da Capitania dos Portos aprovaram até 153 passageiros.
De modo geral, existem 3 réus para o caso: a empresa Bateau Mouche, que é proprietária do barco; a agência de viagens Itatiaia Turismo, que foi a patrocinadora do passeio de réveillon; e a União, por falta de fiscalização e socorro. Mas até hoje o caso não foi solucionado, nenhum dos envolvidos foi preso, e apenas uma família recebeu indenização.
Os 3 sócios da Bateau Mouche, Faustino Puertas Vidal, Avelino Rivera e Álvaro Pereira da Costa, foram condenados a 4 anos de prisão em regime semiaberto por homicídio culposo, sonegação fiscal e formação de quadrilha, mas eles fugiram para Europa, e nunca mais ninguém soube deles.
Esse caso ganhou muita repercussão na época, ficou durante semanas sendo noticiado pelos jornais, até porque foi um acontecimento extremamente triste e muito impactante para todos os brasileiros. A justiça brasileira foi muito lenta e negligente para esse caso, pois além de não dar um suporte para as famílias a bordo, não foi perspicaz na punição para os verdadeiros culpados dessa tragédia.
Como esse acontecimento acabou sendo esquecido por muitos, ou até mesmo nem apontado para outros, essa época de fim de ano é uma forma de tentar relembrar algo que aconteceu há 32 anos atrás, mas que até hoje a justiça não deu uma resolução para quem realmente sofreu com o acidente.
Anelize Pina Marques.
Acho q os passageiros se acaloram pelo contágio do evento e embarcam até mesmo sabendo do risco q correm !
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