Pantera Negra: os elementos que o tornam tão relevante

Pantera Negra (2018) arrecadou mais de um bilhão de dólares em bilheteria, indicado a sete Oscars (incluindo o de Melhor Filme) e já é um marco da cultura pop. Com ele, 2 bilhões de pessoas no mundo puderam olhar para a tela do cinema e da televisão e se ver, se identificar, se sentir representados; fato que infelizmente é muito raro de acontecer e, principalmente, em obras que fizeram tanto sucesso como Pantera Negra fez.

Se depois de tudo isso você pergunta: Mas é bom mesmo? Eu respondo pra você. SIM! Ele é SEN-SA-CIO-NAL. Digo até que é um dos melhores filmes de herói já feitos. E você me pergunta: “Por que?. Vem comigo que eu vou explicar o porquê e sem spoilers.

Logo nos primeiros segundos de filme você já fica impressionado com a animação feita para ilustrar a história de origem de Wakanda. O material que “compõe” os elementos dela faz referência ao vibranium, metal encontrado em abundância em Wakanda e o mais desejado por ser o mais forte do universo.

A partir daí, devo destacar o trabalho impecável da direção de arte, que não só criou todo um país novo, cujo o visual é de tirar o fôlego, como o figurino, os trajes, as armas - tudo feito de vibranium - sempre referenciando a cultura africana com muito apreço. Além da alta tecnologia wakandana que é simplesmente incrível.

A fotografia trabalha muito bem com a direção de arte valorizando-a e deixando-a ainda mais bonita. Ela também faz com que diferenciemos passado de futuro, sonho e/ou alucinação de realidade, tudo por meio de jogo de iluminação, enquadramentos e de um bom trabalho na pós-produção. E ainda auxilia no desenrolar do enredo.

A trilha sonora também contribui para a narrativa, junto com o roteiro, ela estimula as nossas sensações, e às vezes até mesmo as antecipa. Nas cenas de luta, por exemplo, somada aos cortes e movimentos - tanto de câmera quanto dos atores - e à montagem, a trilha faz com que as cenas fiquem ainda mais épicas, urgentes e tensas, por causa da cadência mais acelerada que foi usada e nos provoca essas mesmas impressões.

O roteiro é redondinho, ou seja, não é um embaralhado de tramas e subtramas que deixam a gente com cara de pamonha se perguntando: “O que tá acontecendo?”. De jeito nenhum. Ele conta o que tem que contar, nada está ali à toa, mostra o que tem que mostrar, e na hora certa de se mostrar. A forma que se conta a história é fluida, assim como o desenvolvimento dos personagens, prendendo a atenção. O humor típico do MCU (Universo Cinematográfico Marvel) também está lá, e como sempre, é muito bem inserido. Alguns diálogos são geniais e cheios de referências, sem falar da última cena de Éric Killmonger, as palavras que ele diz me arrancam lágrimas toda vez que assisto.

Falando nele, Éric Killmonger é um personagem importantíssimo para o filme e para o próprio desenvolvimento de T’challa. Ele é o antagonista, mas eu prefiro não o chamar de vilão, porque conforme assistimos à sua trajetória, entendemos as motivações para as suas atitudes e que ele tem razão em seu discurso (ponto essencial para a mudança de ideia de T’challa). E a atuação de Michael B. Jordan nos convence ainda mais disso.

Duas personagens coadjuvantes que me encantaram foram a Okoye e a Shuri, interpretadas, respectivamente, pela Danai Gurira e pela Letitia Wright. Okoye é a Líder das Milaje, a guarda do rei, ela é uma mulher forte, séria e inteligentíssima, porém o que me fez olhar tanto para ela quando aparece na tela é o seu senso de humor, que sempre nos pega despercebidos. Já Shuri é irmã de T’challa, princesa de Wakanda, ela cuida da parte de inteligência e tecnológica do país e o mais interessante de ver é a relação dela com o irmão, que me fez gargalhar alto.

A construção do personagem de T’challa foi fenomenal, muito diferente do personagem que lembrava de Capitão América: Guerra Civil (2016). A interpretação de Chadwick Boseman em Pantera Negra trouxe um T'challa sereno, protetor, mais aberto ao diálogo, empático e com um humor que sai dele naturalmente, deixou-o mais humano. Ao observar o estilo de luta do Pantera, ele realmente lembra a um felino, sua agilidade, modo de atacar, golpes, etc. Enfim, Chadwick coube como uma luva para o papel e é uma pena que não poderemos vê-lo como Pantera Negra mais uma vez. O que resta é admirar o trabalho esplendoroso que ele produziu.

Agora que expliquei o porquê de Pantera Negra ser tão bom fica a recomendação para assistir a um dos melhores filmes da década. Eu garanto que vai valer a pena.

Isabela Andrade