Minha história com “Breaking bad” é bem longa e intrigante, primeiro porque a série nunca me interessou o suficiente, a temática dela simplesmente não me agradava. Lembro quando tinha por volta dos 14 anos quando vi minha irmã assistindo com o seu namorado, algumas cenas que via de relance até aparecem na minha memória agora. Depois com 16 anos, lembro que assisti uma temporada, novamente por insistência da minha irmã e também por saber de toda a fama que a série carregava, afinal naquele período ela já tinha terminado e tinha ganho todos os prêmios possíveis. Todos falavam da série nessa época e quem não tinha assistido ainda, era por não ter tentado o suficiente. Agora voltamos pro presente. 2020. Breaking Bad terminou faz uns bons anos e eu já tinha perdido qualquer necessidade de assistir ao show. Mas aí…boom, Coronavírus, quarentena ou o apocalipse como muitos podem chamar, todo mundo entediado ou muito preocupado pra fazer qualquer coisa, eu inclusive. Aproveitei pra colocar várias séries em dia, desde as que eu já assistia mas não tinha terminado, até diversas séries novas.
Um dia pensando sobre vários conteúdos que eu ainda não tinha assistido, lembrei de Breaking Bad e então eu e meu namorado começamos a ver com a força de quem não está absolutamente dando a mínima. Então, o que aconteceu você me pergunta? Por que vem aqui falar de uma série que você não curtiu? Bom, é esse o ponto, eu amei a série. Nesse momento da vida ela me conquistou de cara, com seus personagens carismáticos e bem construídos e isso deve-se muito por ter assistido anteriormente uma série chamada Ozark que provavelmente se você continuar acompanhando este blog vai se deparar com ela em algum momento. Ozark é uma série que também não tinha uma temática que me agradava, mas que me conquistou de uma forma muito significativa, e além disso é inspirada em vários momentos por Breaking Bad, o que não tira mérito algum dela, afinal é tão incrível quanto. O que eu não percebia com 14 anos era que a temática é o de menos em uma série, o que importa são os personagens e como aquela história vai ser conduzida. Então sim, mesmo uma obra que inicialmente pode não ser “pra você”, ela pode se tornar, caso seja bem contada.
Breaking Bad é uma série excelente, mas isso todo mundo já sabe, afinal ela está presente no Guinnes World Book como a série mais bem avaliada da história.. Começou em 2008 e terminou em 2013 com um total de 5 temporadas, ela faz parte do rol de séries que mudaram o mercado televisivo, foi e continua um fenômeno, com um spin-off de muito sucesso chamado Better Call Saul e também um filme produzido pela Netflix chamado El Camino. Mas sabe o que é mais importante? É uma série que terminou. Poucas séries sabem o quão importante é ter um final digno, várias histórias começam incríveis e terminam de forma medíocre (poderia citar vários exemplos, mas acho que todo mundo conhece ao menos uma). Isso porque foi pensada do começo ao fim, sem distrações e extensões desnecessárias.
Os personagens, Walter White e Jesse Pinkman, são dois caras que passam por uma evolução enorme enquanto a série caminha, vista poucas vezes na televisão. Um deles é um professor de ensino médio, completamente infeliz e medíocre, que decide começar a cozinhar metanfetamina porque descobre que tem câncer e precisa deixar algo pra sua família que não seja só contas e uma história triste pra contar. Já o outro é um drogado que comercializa a mesma droga nas ruas e é perdido na sua própria narrativa e os dois então se unem em uma das melhores duplas que a televisão norte-americana já viu. Os dois possuem uma química incrível, tanto os atores, quanto os personagens e é um deleite assistir isso em tela. E é nesses dois grandes personagens que a série foca até o seu final, sem distrações, sem competição. Quanto aos personagens secundários, eles são extremamente importantes sim e interessantes também, mas a série nunca perde o seu foco que é contar a história dos dois.
Mas aí você me pergunta: O que torna a série tão especial? Primeiro que ela forçou o espectador a pensar, com uma linguagem diferenciada, levando o que se encontra muito no cinema para televisão. Foi também definitivamente um divisor de águas que redefiniu os padrões do que era uma série de qualidade e influenciou muito trabalhos posteriores, como The Walking Dead, House of Cards, Game of Thrones e muitas outras (mesmo que nenhuma delas tenham aprendido realmente a lição por inteiro. Final digno?). O criador Vince Gillian conseguiu junto com os intérpretes dos personagens principais Bryan Cranston (Walter White) e Aaron Paul (Jesse Pinkman) fazer história e permanecer pra sempre na mente das pessoas, abordando assuntos polêmicos e principalmente se aprofundando na natureza humana. Além disso, a série critica fortemente o “American way of life” e mostra o lado bom e ruim que esse “sonho” proporciona.
Para finalizar, eu poderia dizer que meu personagem favorito é o Jesse Pinkman, mas só porque consigo me enxergar em algumas situações com o personagem, pela imaturidade que ele enxerga as coisas e pela intensidade que lida com tudo ao seu redor, mas com certeza a história só é o que é pelo personagem Walter White, a evolução dele é completamente insana no decorrer das temporadas e é nele que reside as principais críticas da série perante a sociedade. O ator Bryan Cranston faz um trabalho memorável e mesmo que não tenha (injustamente) um reconhecimento maior em hollywood atualmente, afinal não é fácil ir de séries para filmes na indústria, vai ser sempre lembrado por esse trabalho tão forte na TV que marcou toda uma geração. E você aí que está lendo, tem algum personagem que se identifica mais? Já assistiu a série? E se não, o que te impede de começar agora? De qualquer forma se tudo isso não te fizer assistir, mesmo que tardiamente como eu, deixo aqui um pequeno diálogo:
“Por que fugir? Do que você fugiu?”
“Doutor, minha mulher está grávida de sete meses de um filho que não planejamos. Meu filho de 15 anos tem paralisia cerebral. Eu sou um professor de ensino médio extremamente qualificado, que ganha 43.700 dólares por ano. Eu assisti a todos os meus colegas e amigos me superarem de todas as maneiras imagináveis e, dentro de 8 meses, eu estarei morto. E você me pergunta porque fugir?
(Vitor Marques)
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